"Há sempre alguma loucura no amor. Mas também há sempre alguma razão na loucura."
Autor: Raphael Montes
Editora: Companhia das Letras
Ano de Publicação: 2014
Número de Páginas: 278
Classificação: ☕☕☕☕
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Sinopse:Téo é um estudante de medicina extremamente solitário e que parece não desenvolver nenhum tipo de afeto por absolutamente ninguém, nem por sua própria mãe, até Clarice aparecer. Ela literalmente faz despertar o louco que há nele e ele acaba construindo aquele velho pensamento de homens possessivos e abusivos: Se não é minha, não será de mais ninguém. Por isso, Téo decide que manterá Clarice "presa" à ele até que consiga mostrar a ela o quanto gosta dela e conquistá-la. Mas Clarice, com seu jeito liberal e livre de ser, não gostou nada dessa ideia. Posso dizer que ela tentou de tudo para conseguir se livrar de Téo e do encarceramento, mas no final as coisas não terminaram muito bem, pelo menos não pelo meu ponto de vista.
Todo mundo sempre me falou muito bem desse livro, e eu imaginava algo completamente diferente. Quando comecei a ler, nas primeiras linhas já percebi que Téo tinha algum problema psicológico, que não era um cara normal. Vamos combinar né, falar com cadáveres do laboratório de medicina não é nada normal, mas nem foi exatamente por isso. Os comportamentos dele, típicos de pessoas psicopatas, a falta de amor e afeto, tudo isso foi me mostrando aos poucos que tinha alguma coisa de errado com esse cara. Então, de repente, ele "se apaixona" por uma garota completamente diferente dele. É aquela velha história né, "os opostos se atraem", mas, nesse caso, o que atraiu ele para Clarice foi o fato dela ter qualidades que ele não tinha, e parece que tudo aquilo que é diferente e novo para as pessoas as atrai de alguma forma.
Ao longo do livro as coisas só vão piorando. Téo inventa uma mentira atrás da outra e faz todo mundo acreditar que ele é um santo e realmente namora Clarice. Eu também já esperava o momento em que, de alguma forma, Téo mataria alguém, e eu não estava errada. Matar o ex namorado de Clarice não me surpreendeu, mas as coisas vão piorando ainda mais a cada capítulo. Houveram dois fatos que me marcaram muito no livro todo: primeiro, o estupro. Sim, aquilo foi um estupro. Muitos podem ler o capítulo e dizer "foi culpa dela, ela provocou isso", mas, não importam as circunstâncias, ninguém tem o direito de fazer o que Téo fez, com nenhuma mulher. Ninguém merece aquilo. O segundo fato foi a decisão dele de simplesmente fazê-la dependente dele para sempre. Eu, atém agora, não acredito que um ser humano seria capaz de fazer o que ele fez. Se aproveitar de um acidente e de seus conhecimentos médicos para tornar alguém paraplégico, simplesmente para se tornar possuidor dessa pessoa? Inacreditável. Pois é isso que Téo tem a coragem de fazer.
Outras pequenas atitudes de Téo iam me deixando meio chocada ao longo do livro. O fato dele dopá-la constantemente, de colocá-la em uma mala para transportá-la de um lugar para o outro, como se fosse um objeto. Fazê-la se passar por louca e destruir a vida de Clarice para, no final, conseguir exatamente o que queria. Cada página desse livro me deixava chocada e o final me deixou revoltada.
Não é tão fácil ler esse livro e não sentir revolta, raiva e choque, especialmente para uma mulher. não odiei o livro, de forma alguma, acho o Raphael até bem brilhante por relatar a realidade de algumas mulheres, porque sim, se você não sabia, muitas mulheres passam por isso, e foi o que mais me assustou, o fato de que essa história poderia ter sido real, se bobear até já foi e não sabemos. É por isso que eu acho que, por mais que seja difícil, nós devemos sim ler livros assim, que joguem na nossa cara a realidade, principalmente os homens, para entenderem que as mulheres não são posse de ninguém, que ninguém é dono de ninguém, somos livres.
Você tem ideia de como Téo arruinou a vida de Clarice de maneira drástica e irreversível? Não? Então leia Dias Perfeitos.
Larissa Alves
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