Resenha com Spoilers! - Todo Dia - David Levithan

“O passado não me ofusca, nem o futuro me motiva. Concentro-me no presente, porque é nele que estou destinado a viver.” 

Título: Todo Dia
Autor: David Levithan                   
Editora: Galera Record
Ano de Publicação: 2013
Número de Páginas: 280
Classificação: ☕☕☕☕☕
Onde Comprar: Amazon
Sinopse: Todo dia conta a história de um ser chamado A. que acorda todos os dias em um corpo diferente, por isso suas vivências são completamente diferentes das de um ser humano que vive todos os dias no mesmo corpo e na mesma vida. Até que um dia, A. acaba se apaixonando por uma garota e começa a tentar encontrá-la, mesmo com os empecilhos que o impedem de manter um relacionamento, ainda sim, A. não quer ficar sozinho no mundo, quer que alguém o conheça e o aceite como ele é.

É engraçada a visão diferente que A. tem do mundo. Por ter vivido várias vidas e por ter literalmente se colocado no lugar de inúmeras pessoas completamente diferentes umas das outras, ele acaba filtrando as coisas de maneira diferente, sem construir preconceitos e, principalmente, sem a necessidade de rotular tudo e todos que conhece ao longo de sua vida. 

A ideia de se apaixonar por uma alma e não por um corpo torna as coisas cada vez mais difíceis para Rhiannon, garota pela qual A. se apaixona, pois seres humanos, em geral, não estão acostumados a enxergar as pessoas por dentro, sem notar a aparência. Mesmo para a menina mais pura e doce era cada vez mais difícil ver algo além da aparência. Os seres humanos criaram o péssimo hábito de se importar de mais com isso.

Porém, o mais interessante do livro, na minha opinião, é como A. lida com cada pessoa na qual está, às vezes tomando todo o cuidado do mundo para não alterar nada, às vezes sendo completamente imprudente e modificando completamente a rotina da pessoa, colocando-as em apuros. Apesar de A. não ser de fato nenhuma dessas pessoas, ele consegue acessar suas memórias e sentir o que elas sentem, lembrar do que elas já viram e fazer tudo como elas fazem. Ele tem sua própria personalidade, mas precisa deixá-la escondida para assumir o corpo por inteiro. É nesses momentos que A. e nós leitores conhecemos essas pessoas, seus problemas, angústias e alegrias. Podemos ver como essas pessoas veem o mundo. Ao longo do livro conhecemos a visão de um garoto homossexual, uma garota com depressão, uma garota que comete bullying e tem um coração horrível, uma garota que, mesmo menor de idade, precisa trabalhar em vez de ir para a escola para ajudar a família, e muitos outros completamente diferentes de nós. 

Posso dizer que o romance é o menos interessante e importante da história, pois o que mais me chamou a atenção foi justamente a maneira como A. leva a vida e vê o mundo aos olhos de outras pessoas. Esse fato nos faz refletir sobre como não prestamos atenção às pessoas a nossa volta e como o ser humano a cada dia que passa se torna mais intolerante e egoísta.