domingo, 28 de junho de 2020

RESENHA - SUICIDAS - RAPHAEL MONTES

em domingo, 28 de junho de 2020

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"Cometer suicídio é como se tornar um deus por alguns segundos."

Título: Suicidas
Autor: Raphael Montes
Editora: Companhia das Letras
Ano de Publicação: 2017
Número de Páginas: 430
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Sinopse: No primeiro livro de Raphael Montes, que a Companhia das Letras agora relança acrescido de um novo capítulo, conhecemos a história de Alê e seus colegas, jovens da elite carioca encontrados mortos no porão do sítio de um deles em condições misteriosas que indicam que os nove amigos participaram de um perigoso e fatídico jogo de roleta russa. Aos que ficaram, resta tentar descobrir o que teria levado aqueles adolescentes, aparentemente felizes e privilegiados, a tirar a própria vida.

É muito complicado ler um livro no qual a premissa principal é o suicídio, mas o que mais intriga é perceber, já no início do livro, que as coisas não fora tão simples assim. Acho que o que mais me deixou vidrada nesse livro foi o mistério que envolvia toda essa história.

O fato de o livro já começar em primeira pessoa, contado por uma pessoa que participou da ação e que supostamente morreu no meio do caminho, já me intriga muito e me deixa com o pé atrás. Por quê? Não dá pra confiar em narrador em primeira pessoa, nunca. Toda a história é contada e baseada na perspectiva de Alessandro, um dos participantes da tal roleta russa, na qual os jovens decidiram participar. Ele narra não só a roleta russa, mas praticamente toda a história, o que é um tanto suspeito, afinal, se você está o tempo todo lendo o diário de alguém, obviamente essa pessoa contou tudo de sua própria perspectiva e da forma como bem queria.

Por outro lado, temos alguns capítulos dedicados às mães, que estão reunidas na delegacia junto com uma delegada, para ler tudo que Alessandro havia deixado como relato dos acontecimentos, um ano depois, na tentativa de descobrir algo mais, algo que deixaram passar, o que é muito estranho a polícia fazer, mas ok. Esses foram os capítulos mais incômodos do livro. Tudo neles parecia meio falso, várias mães que perderam os filhos de forma violenta e suspeita, mas todas elas agem de maneira extremamente caricata, dramática demais ou "meu filho mereceu, foda-se" demais, entende? Sempre queria passar logo esses capítulos poque senti que não serviram para muita coisa no livro.

Outra coisa que me incomodou – mas como eu disse, o fato de ser em primeira pessoa já justifica muito isso – foi o fato de praticamente quase todos os personagens são retratados como pessoas asquerosas, sem um lado bom, todos são interesseiros, ou vagabundos, drogados, mesquinhos, chatos, tudo isso por conta da perspectiva de um personagem que odiava todo mundo e no final só pensava em si mesmo. Isso influencia bastante a visão do leitor sobre os personagens, e eu acredito que era exatamente isso que Raphael Montes queria. Muito esperto.

No mais, recomendo bastante o livro, adorei demais a leitura, assim como todos os livros do Raphael Montes que li, sem dúvida o autor é muito bom no gênero e ainda espero ler mais livros dele. O relançamento do livro pela Companhia das Letras foi uma ótima escolha, pois o projeto gráfico do livro está muito mais bonito que o primeiro, e o último capítulo adicionado deu um toque a mais no suspense do livro. Fica aqui minha recomendação!    

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